Numa montanha distante (ou quem, sabe, mais
próximo do que você pode imaginar) havia uma caverna. Mas que caverna estranha!
Seu formato era semelhante ao de uma enorme garrafa. Pelo “gargalo” de uma
caverna, passavam a luz e o ar. À medida que se caminhava para o fundo, ficava
mais largo o espaço entre o chão e o teto. A caverna terminava num paredão de pedra. Do lado
de fora, sobre uma rocha, uma grande fogueira projetava sua luz sobre o fundo
da caverna. Assim, como a tela de um cinema natural sempre em funcionamento, o
paredão era iluminado permanentemente pelo fogo. Na beira da entrada da caverna, que era semelhante
a um muro, havia uma estradinha. Por ela transitavam as pessoas que iam ao
mercado, comprar e vender suas mercadorias. Elas conversavam e riam e o som de
suas vozes ecoava dentro da caverna. Além disso, as estatuetas e pequenos
animais que carregavam sobre a cabeça recebiam os raios de luz da fogueira.
Isto fazia com que as sombras dos objetos fossem projetados no fundo iluminado
da caverna.
Acorrentados e o mais estranho de tudo era que
dentro daquele lugar tenebroso morava um grupo de homens e mulheres que sempre
estiveram acorrentados ali. Eles tinham uma corrente no pescoço, que os impedia
de olhar para trás. Mas ao mesmo que conseguissem virar a cabeça, não teriam
coragem de fazê-lo: “Olhar para outra direção dá azar”, comentava-se. Como os
prisioneiros estavam de costas para a entrada, ficavam vendo as sombras das
coisas projetadas no paredão do fundo. Nesta ilusão, pensavam que as sombras
eram a realidade. Aquele grupo trabalhava o dia inteiro, tirando do chão em
redor de si umas pedras que aprenderam a chamar de “minério”. Mas ninguém sabia
ao certo o que era, nem para o que servia. O material era recolhido por Chefe!
Que o colocava numa grande barrica de madeira. Chefe! Também era acorrentado,
mas tinha uma diferença. Sua corrente era muito comprida., o que lhe permitia
andar entre os prisioneiros e chegar até lá atrás, onde ninguém pode vê-lo.
Chefe! Era gordão, bem mais corpulento que os outros acorrentados. De vez em
quando ele rolava a barrica cheia de minérios até a entrada da caverna.
Diziam que Chefe! Devia ser mágico: pois não é que
ele levava as pedras e parece que as transformava em pães ? Os presos, que
viviam reclamando da fome recebiam seu pedaço com a maior das alegrias e, antes
de devorá-lo, agradeciam a bondade de seu benfeitor.Ninguém pense que os presos reclamavam da vida, em
geral. Prá começar, eles nem sabiam que estavam presos, porque todo mundo tinha
sua corrente e eles achavam natural usá-la, o que faziam com muito carinho.
Afinal, a corrente era uma garantia. Ela evitava, por exemplo, que uma pessoa
mais descuidada escorregasse no chão liso da caverna e rolasse lá prá baixo.
Mas, então, como é que os presos chamavam a si mesmos ? o nome que tinham
aprendido a dar para si próprios era “cavernosos” tinham muito orgulho de um
nome tão sonoro.
Os momentos mais gostosos do dia aconteciam quando
aparecia alguma sombra lá na frente, na parede. Aí todo mundo parava de cavar e
brincava de adivinhar o nome das sombras que estavam se mexendo na parede
iluminada. Mas os acorrentados nunca chegavam a um acordo. Cada um gritava mais
alto que o outro, para dar seu palpite. Também faziam gozação, achando que os
companheiros estavam querendo enganá-los.A sombra predileta era uma que fazia o som
“cocoricó”. Um preso gritava que o nome daquilo era “vaca”, Outro dizia que era
“pedra”. Mais adiante alguém sugeria que era “galo”, mas ninguém acreditava. A
brincadeira terminava em muitas risada

Como
ninguém tinha certeza do que se tratava, os acorrentados pediam a Chefe ! que
lhes ensinassem o nome daquela imagem. “Não vi direito”, desculpava-se. Os
cavernosos achavam muita graça do charme que ele fazia. Então insistiam, até que
seu superior ensinava,
categórico: “Trata-se de um elefante”. E todos
concordavam que Chefe! Tinha enorme sabedoria.
Fonte:http://www.advir.com.br/sermoes/Sermao_c_OMITODACAVERNA.htm
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